Prefácio por Dr. Mário Trelles
"Quando se toma a decisão de escrever um livro (tarefa nada fácil, por certo), creio que o autor se decide pelo verso livre e por relatar passagens pessoais, é como verter água numa fonte, somando experiências sem que quase se notem agregadas à água já existente. Ou, pelo menos, poderia até tingir um pouco aquela água com a cor do que comunicamos, mas sabendo que com o passar do tempo a nova tonalidade desapareceria. Mas, se se tem a coragem de começar a escrever um texto técnico, a tarefa é muitíssimo mais difícil, pois primeiro implica ler-estudar-repassar e finalmente capturar a versão pessoal perfilada de um saber, de tal forma que possa chegar com facilidade a quantos mais leitores, tanto melhor.
Frequentemente a redação dos livros de texto está “petrificada” e quase não percebemos as alterações que neles se incluem para atualizá-los, porque a ciência requer tempo para assimilá-la e, além disso, validá-la. A mudança teria de ser grande para que se removam as bases do conhecido até ao ponto que permitiria descartar "o que está escrito e reconhecido", com contribuições que, ao ser possível, expliquem e possam interpretar-se de forma não confusa.
Então, ao ler este livro senti refrescar-se o meu entusiasmo, ao rever um tema conhecido, trabalhado com uma abordagem diferente, que me ajudou a encontrar caminhos esclarecedores (sem os desajeitados atavismos de repetir e repetir lições), que bem me poderiam servir na minha frequente ocupação académica.
Creio que ao recomendar a sua leitura servirei sobretudo os pacientes interessados que desejem conhecer mais como é que o laser pode depilar e, mais ainda, se desejam aprender como é possível que a sua atuação se desenvolva apontando para um cromóforo que "lhe pertence".
Ao ler o livro de Sabrina Gomes encontrei um texto bem maduro, em que se nota que a autora não se deixou tentar pela imaginação e pelo contrário oferece o fruto, a síntese do seu conhecimento. O desenvolvimento do mesmo é inteligente e com bom sentido, pois explica sobre a depilação laser e aquela realizada com sistemas de luz intensa pulsada, de forma amena, acessível e divertida.
A sua leitura é totalmente compreensível (em toda a larga lista de sinónimos que a palavra possa ter) ao tratar-se de um manuscrito claro e de fácil leitura na qual a autora - com muito engenho - faz com que temas difíceis e tediosos, como poderiam ser os fundamentos físicos do laser, as transições atómicas, os fenómenos de absorção selectiva ou a ação terapêutica térmica estendida, resultem transparentes e próximos. E, também, para o leitor que não teve antes contacto com as propriedades terapêuticas do laser e/ou não tenha recebido explicações de como é o mecanismo de atuação da luz na sua ação de depilação.
Insistindo, o livro é ameno e instrutivo e seria até recomendável que cada paciente tivesse a oportunidade de o ler se deseja compreender, pelo menos em traços largos, como a luz não somente é capaz de eliminar o pêlo mas também tratar e curar, o que até há uns poucos anos era difícil fazê-lo; doenças que com os tratamentos obtinham (na maior parte das vezes) soluções grotescas, que hoje podem evitar-se dando ao paciente a oportunidade de experimentar satisfação, este feito é de importância reconhecida ao ser considerado na lista de sintomas que o indivíduo deve ter para se sentir são.
Assim o deixa entender a Organização Mundial de Saúde ao referir-se à estima pessoal e à satisfação de poder olhar-se ao espelho e sentir-se contente com a imagem que vê reflexa. E isto vem a propósito, pois a fotodepilação como tratamento eletivo, não é só um ato que pretende a beleza; é procurar encontrar a satisfação de ver-se melhor e gostar.
As minhas felicitações mais sinceras a Sabrina pelo seu trabalho, junto com meus melhores votos de que triunfe na sua ocupação, acompanhando-se do seu interesse por conhecer e saber, sem descanso."
Dr. Mario Trelles, MD, PhD.
Cirurgião Plástico-Estético
Dubai (UAE), ano 2022